Uma Introdução à CryptoArt
O que? CryptoArt? Isso serve pra que?
Foram as minhas 3 primeiras perguntas até me reconectar ao Twitter e lembrar que sim, o Twitter é uma plataforma incrível que deixei pra trás há quase uma década. A comunidade de CryptoArt no mundo cresce exponencialmente, fazendo um paralelo direto com o valor do Bitcoin e Ethereum. Isso é totalmente visível procurando a hashtag #cryptoart no Twitter.
Voltando um pouco, essa idéia veio pra mim em uma mensagem de Whatsapp de um amigo do trabalho. Ele me mandou um link do Youtube de um cara vendendo arte na internet em sites curadorados, em troca de criptomoedas. Hum interessante. Vejo depois.
Atualmente estou mergulhado em um processo de fazer uma arte digital por dia, fiz isso durante todo ano de 2020. É um processo de resignificar fotografias pessoais e fotos do Instagram. Tudo digital, feito no Procreate em menos de 1 hora. Um exercício meditativo que me insere no “flow” de criação, que me desconectou em 2020 e me reconectou com a produção artística. Quando parei para ver o vídeo de CryptoArt (será que podemos abrasileirar para Criptoarte?) um mundo se abriu.
Sou um investidor recente em criptomoedas. Comecei a comprar alguns trocados, fui fazendo o meu “porquinho” em uma exchange brasileira, mais com medo de perder a nova onda de valorização do que com medo de perder o dinheiro. Vi que estava certo, as criptos valorizaram consideravelmente em 2020 e vi que meu porquinho estava ficando gordo. Agora unir investimento, arte e tecnologia? Seria possível? Esse é o ponto.
Meu primeiro passo foi entrar e vários sites curadorados como o Super Rare, Nifty Gateway, Makers Place e Know Origin. Neles comecei a entender que além do mercado de arte, estava surgindo um novo estilo gráfico, uma proposta totalmente diferente do que eu estava seguindo nas hashtags dos Instagram. Um clima noir, misturado com a proposta 90’s de renders sem qualidade, vapor wave na veia. Tudo valendo dinheiro. E sendo comprado! Eu também posso fazer isso? Minha filha de 2 anos faz isso!
São os questionamentos iniciais de um movimento artístico de contracultura. Já cansei de ouvir que Duchamp não é arte. Até parece que existe um juiz que define o que é arte e o que não é. O que é arte é definido pelo artista e pelas pessoas. O valor da arte é definido pela história do criador, do movimento, do colecionador e do mercado. Sejam bem vindos à um novo movimento artístico, efêmero como todos os outros. Inspirador como o último movimento relevante.
Até que entrei no Super Rare e vi que o Beeple ganhou milhões de dólares em um dia. Mas ele vendeu o que, o arquivo? Não, ele fez um NFT (non fungible token) que é uma espécie de contrato em troca de um valor em criptomoeda. No universo da CryptoArt, o Ethereum dá direito ao artista transformar suas artes em NFTs e vender em sites curadorados ou abertos pra quem quiser postar (como Rarible e OpenSea).
Seria a CryptoArt a nova StreetArt?
Podemos dizer que sim. Lembrei na hora do Banksy.
No meio desse turbilhão de novidades um amigo meu lança no Instagram seu novo projeto. O Vamoss ta criando CryptoArt? Sim, está acontecendo! Uma coleção inteira que une programação e arte, ilustrando deuses gregos.
Então decidi criar a minha coleção, uma idéia antiga que tinha de unir Inteligência Artificial com Ilustração digital. Esse projeto se chama ANOMALIA e está disponível no Open Sea.
Anomalia é um sinal. É um início de uma descoberta, é um novo mundo que se abre aos olhos da pesquisa. Normalmente o erro é subjulgado, mas é ele que dialoga com o humano. A imperfeição brilha no ambiente normal, é um contraponto ao nossos padrões pré-estabelecidos.
“Um anomalia é o fruto de um experimento mal desenhado, de um instrumento calibrado de forma incorreta ou de uma variável que não foi considerada.” — Pedro Calabrez
Esse é um projeto de ilustração digital com fererência em uma imagem gerada por Inteligência Artificial. O processo de geração de uma imagem em IA foi interrompido em um ponto que criou uma imagem com anomalia. É a primeira coleção de Cryptoart de Uno de Oliveira, criador digital que vive no Rio de Janeiro, Brasil.
A idéia é lançar uma arte por semana, caso a arte seja vendida, lanço uma nova em seguida. Logo no primeiro dia, uma arte vendida, um lance com o dobro do valor! As artes em geral são vendidas por frações de Ethereum, eu pedi 0.1 e me ofereceram 0.2. Mas quem compraria uma arte assim, do nada?
Essa é uma grande questão desse mercado, para você ter acesso à compra, você tem que ter uma wallet de criptomoedas, algum dinheiro em uma carteira virtual para conseguir começar a colecionar. Não é qualquer pessoa que chega lá e compra, tem que estar minimamente inserido nesse mundo. Pois bem, 0.2 ETH valiam alguns dólares de manhã, de noite valorizaram quase 25%. É a volatilidade das criptos, o mercado que todo mundo morre de medo. Ao mesmo tempo que você ganha, você pode perder muito. Mas como todo conselho de quem trabalha no mercado financeiro, o foco deve ser no longo prazo. É a mesma lógica da compra de ações, quando o preço está baixo, é a hora de entrar. Quando o preço está alto a decisão é sua, manter no longo prazo ou vender? Dito isso, eu agora torço para que caia o valor da cripto, assim eu consigo postar mais artes pois existe um fee pago (bem alto enquanto a plataforma Ethereum não é atualizada) para os mineradores.
E já que eu tinha vendido a primeira, eu precisava comprar a primeira.
Fui convidado para entrar em um grupo no Telegram, chamado CryptoArtBR. Ali diversos artistas brasileiros trocam suas experiências nesse universo e conseguem se ajudar. Muita dúvidas, muitas questões pra aprender. No primeiro dia eu vi uma videoarte de uma cédula de 1 Real falando o texto do Ministro Paulo Guedes: ‘empregada doméstica estava indo para Disney, uma festa danada’.
E hoje, o criador Marlus a coloca à venda por 0,001 ETH. Segundo ele, “O patrão ficou maluco!”
Pois bem, arte é resignificar. É o caminho que uma idéia percorre, o caminho de valorização de uma criação. Pude exercer esse processo, comprei a arte do Marlus e a resignifiquei. Ela está à venda no Rarible por 1ETH.
Sim, 1 Real é 1ETH.